POESIAS,CRÔNICAS, MÚSICAS, CONTOS, MEMÓRIAS e AFINS.
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feito lençol, descobre a areia cristalina acordando o sono tranquilo das algas tão verdes azuis, que até lembram olhos que os meus, negros, um dia vislumbraram. Sobre a preguiça certeira da praia dá até para escutar do murmúrio das marolas a agonia do distante pescador solitário, neste imenso horizonte sem fim.
Apenas a alegre recordação
do teu corpo, esguio, deslumbrante
adornado pelo fervor de um sol reluzente distrai-me neste instante.
E a liberdade das gaivotas e o bailar frenético dos coqueirais moldando este meu destino imerso em afetividade e resignação.
No teu mar calmo De água morna E marés constantes Velejei suavemente O destino? O meu destino... Iluminado pelo sol reluzente Que pairava No horizonte sem fim dos teus olhos Minha devoção, sagrada Nunca te desejou para sempre Pois não seria justo Um oceano tão encantador Ser somente meu.
Provo dos teus prazeres pois tu és a preferida, o amor maior dos teus beijos precipita a natureza na forma mais majestosa e a saliva dos nossos lábios mal acostumados, com o desamor de tantos Quisera eu ter-te para sempre Oh Deus, porque presentear-me com esta fortuna a troco de nada mas, amarei-a mesmo assim escondido, calado acometido por um amor verdadeiro até o fim, desta existência maravilhosa.
Quando rubro os meus olhos É por ti Por tua perfeita simetria Esculpida e admirada Entre o tempo em que foste minha Nem sempre há justiça no amor Mas haverão flores em minhas inspirações Noturnas, como esta lua bela Que enfeita esta amplidão de agora E que batizei com teu nome Para nunca mais esquecer.
A fineza De uma existência
farta Frondosa, límpida,
intensa Fruta gostosa,
carnuda Que se come
sorrindo Pois alegria há Na imensidão da
tua floresta Onde me criei índio Faminto por teu fruto Outrora, em teus
belíssimos braços Fui tua cria Primaveras
luxuosas Pertenceram a ti O teu conforto e
tua sombra Foram meu guia E tua natureza
pródiga O meu encantado
amor.
Aprendi
a muito que o samba possui poetas maravilhosos, Martinho é um deles. E essa
música especialmente me faz lembrar coisas interessantíssimas; essa minha
boemia que se já não se faz tão presente, ainda emociona.
Assim como adolescente O cupido me pegou Me apaixonei por seu beijo Sem você eu nada sou
Vem me salvar boca a boca Tô morrendo de amar Vem fazer amor bonito Vem pra se deliciar Você é fêmea no cio Deixa seu macho dengoso Quando diz no meu ouvido Tá delícia, tá gostoso
Agora sim, uma poesia deliberadamente escrota! Escrita há uns
vinte anos atrás foi construída para ser safada, direta, com toda má intenção
possível.
Não foi direcionada a ninguém especificamente, e sim uma homenagem
a todas as mulheres desta vida fantástica, que, por serem destemidas, curtem ter e dar prazer:
Poesia antiga, escrita há muito, muito tempo atrás. Lembro-me
dela ter sido inclusive publicada no “Jornal A Tarde” da época.
Saudade é bom, principalmente quando é sadia, amar é bom, quando
se sabe que nada é permanente e tudo tem o seu tempo certo.
Na prática do bem-estar colhemos frutos, uns são
replantados, outros consumidos nessa ceia farta da vida, que por ser
maravilhosa, deve-se saber aproveitar:
Ao entardecer
ressurge a coragem de fugir ao teu encontro
como nos idos de outrora
E no limiar de minh’alma deserta
emana o fogo da paixão, do desejo
que mina a minha sã consciência
trazendo lembranças de ti
Então, sinto como se pudesse tocá-la
sentir teu corpo, teu perfume
até mesmo o sabor dos teus lábios
ouvir tuas palavras
perceber teus mínimos gestos
vivendo assim
a fragilidade do meu coração
que não me perdoa
por ter deixado tu partiste tão breve
forçando-me a febre de viver
na eterna solidão
(Jaguar Araújo, em algum lugar no fim da década de 80)
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Era dia na ilha de Cacha-Pregos, Município de Vera Cruz, onde
eu costumava passar meus verões...
Entre o descanso da alma e o tormento da realidade, lá
estava ele... o bom e velho desejo, transfigurado na figura limpa de uma bela e
desconhecida fêmea, e eu, pasmo, não conseguira me
conter, daí então surgiu à inspiração...
Algumas poesias são palpáveis, visíveis
a olho nu. Principalmente quando criadas na plenitude do realismo da
inspiração, e arquitetadas carinhosamente.
Apesar de sido construída em Setembro de
2006, hoje, anos depois, eu tive o imenso prazer de rever esta poesia...
A noite Que apaga o dia Cobra caro, pra quem não lhe deve nada E é lá que dormem as crianças banidas Sobre o frio da alma Cobertor de papelão Papel de parede, plástico Que forra a sua cama/chão E nas latas de leite vazias Ou entre as mãos Imploram o alimento fraco Mas, o que é forte para fome? Talvez, a ganância do homem... Talvez, a cola de sapato!
O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).
Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.
Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.
Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.
A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
Alguns textos antigos como este, escrito no inicio da década de 90, parecem não envelhecer nunca, muito menos essa necessidade incrível de amar sem hipocrisia, como um bom amor (inclusive o efêmero) para ter um gosto especial, necessita ser.
Algumas pessoas sabem passear livremente
em coração alheio, meio que sem destino, sem intenção, apenas aproveitando suavemente
o caminho; outras simplesmente passam.
No meio dessa tortuosa e
maravilhosa peregrinação, surgem seres atípicos, que intencionalmente não
plantam nada, porém consegue ornamentar a alma desejosa com uma textura leve,
perfeita, saudosa. Deixam sem querer um sentimento limpo, interessante, mas que
não é amor: É bem-estar!
No melhor momento o sorriso, descarado, estampado em tua face de menina travessa. No melhor segundo, o transe, a respiração ofegante; e eu te chamei de minha. No auge do teu descanso a minha insônia perplexa observara teu corpo branco, sadio, e teu orgulho feminil, afogando-se em meu gozo.
Texto escrito no início da década
de 90, quando eu ainda fazia parte da “Cães de Guarda”, banda de Rock que infernizava
a Liberdade com seus ensaios barulhentos, regrados a muito whisky J&B e cerveja(ainda bem, nada de drogas!!!)
e era para fazer parte do repertório da mesma.
Não deu tempo, lembro que pouco
tempo depois os compromissos amorosos fizeram a banda ruir; coisas da vida...
No entanto, anos após, lembrei-me
da letra, na mesma ocasião, percebi o quanto ela era interessante, gostosa,
atual.
Essa coisa de que, em
determinados momentos de desejo, sem frieza, existem lances mais interessantes
do que se preocupar com compromissos sérios e outras situações do tipo. O bom
mesmo é aproveitar e se divertir; sendo que o prazer seja sempre recíproco.
Hoje eu vi o sol
No tobogã da tarde
Minh’alma estava tão só
Que não hesitou em te chamar
E você vinha simplesmente
Entre as nuvens da noite que estava para chegar
Logo você
Que já me acusou de tantas coisas
Mas, o que é a vida senão um poço de pecados ?
E quem mais conhece os meus desejos ?
(Jaguar Araújo)
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Farta de violência esta
era; sobre amor, quase nada. Não sei o que acontece com as pessoas, “temem provar
o néctar do sentimentalismo”.
Sempre que tive a
possibilidade amei, à minha maneira, é lógico, mas amei.
E esse sempre foi meu
ópio, ter o prazer de participar de tantas almas fantásticas, colher o fruto,
replantar, refazer...
E claro, quando sinto
saudade desses instantes, eis que surge à inspiração:
Na época, meu único filho era
Rodrigo, o gordinho Davi ainda nem sonhara em nascer. E Em uma das muitas
noitadas a fora, ocorrera comigo um acidente automobilístico. Fisicamente,
graças a Deus e Yemanja(odoiá minha mãe!) pouco sofri, porém o susto foi enorme.
Temi realmente pela minha vida,
mas, no exato momento em que despertei do espanto, a primeira pessoa que me
veio à mente foi meu filho Rodrigo. Pensei no quanto ele dependia de mim naqueles
tempos e o quanto meu amor por ele era imenso.
Lembro-me que quando cheguei à
minha antiga residência, tomei um banho, deitei ao lado dele, naquela pequenina
cama e fiquei ali, quieto, olhando
aquela criança; tão inocente e tão indefesa. Agradeci a tudo e a todos que me
deram sorte de ter saído ileso naquele instante, fechei meus olhos e a poesia
mais linda fluiu, com toda honestidade e sinceridade que um homem pode ter.
Agora que estou vivo
vivo para quem quer que eu viva
minha vida, finita, agora brilha
nas fronhas coloridas da pequena cama
no cheiro de jasmim que ele dissipa
na prece que para mim ele reclama
na paixão que em meu peito precipita.
Quando perdi a minha querida mãe,
a vida me pareceu um tanto confusa; um misto de ódio e incompreensão. Pensei em
meus irmãos, em meu filho, lembrei do meu saudoso pai e revisitei o meu próprio
tempo. Tudo parecia muito vago, desnecessário.
Hoje em dia o descontentamento
ainda permanece, porém de uma forma mais amena. No entanto eis que surge para
mim um novo filho, e, de certa forma, cada vez mais a rotatividade das espécies
parece óbvia. Porém, isso nunca ira me fazer compreender o sofrimento.
Sempre que me lembro do passado é com alegria, satisfação,
nostalgia. Tempos de uma boemia exagerada no bom sentido, noitadas loucas. Altíssimas
farras regradas sempre a belas mulheres e muita, muita bebida.
Arrependimento? Ah! Isso nunca existiu. A vida é curta e é
para ser vivida. E como já diria Claudio Baglioni em sua canção, interpretada
também tão lindamente por Renato Russo (http://www.youtube.com/watch?v=M_ZB8GoXFp8):
Lá vita è adesso! Ou seja, a vida é agora!!!
Era o velho período das descobertas, que, graças a Deus,
sempre foram do bem.
O texto abaixo remete a isso, escrito na década de 90,
vivenciava o exato momento, entre o retorno da boemia e a vida cotidiana.