POESIAS,CRÔNICAS, MÚSICAS, CONTOS, MEMÓRIAS e AFINS.
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Poesia antiga, escrita há muito, muito tempo atrás. Lembro-me
dela ter sido inclusive publicada no “Jornal A Tarde” da época.
Saudade é bom, principalmente quando é sadia, amar é bom, quando
se sabe que nada é permanente e tudo tem o seu tempo certo.
Na prática do bem-estar colhemos frutos, uns são
replantados, outros consumidos nessa ceia farta da vida, que por ser
maravilhosa, deve-se saber aproveitar:
Ao entardecer
ressurge a coragem de fugir ao teu encontro
como nos idos de outrora
E no limiar de minh’alma deserta
emana o fogo da paixão, do desejo
que mina a minha sã consciência
trazendo lembranças de ti
Então, sinto como se pudesse tocá-la
sentir teu corpo, teu perfume
até mesmo o sabor dos teus lábios
ouvir tuas palavras
perceber teus mínimos gestos
vivendo assim
a fragilidade do meu coração
que não me perdoa
por ter deixado tu partiste tão breve
forçando-me a febre de viver
na eterna solidão
(Jaguar Araújo, em algum lugar no fim da década de 80)
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Era dia na ilha de Cacha-Pregos, Município de Vera Cruz, onde
eu costumava passar meus verões...
Entre o descanso da alma e o tormento da realidade, lá
estava ele... o bom e velho desejo, transfigurado na figura limpa de uma bela e
desconhecida fêmea, e eu, pasmo, não conseguira me
conter, daí então surgiu à inspiração...
Algumas poesias são palpáveis, visíveis
a olho nu. Principalmente quando criadas na plenitude do realismo da
inspiração, e arquitetadas carinhosamente.
Apesar de sido construída em Setembro de
2006, hoje, anos depois, eu tive o imenso prazer de rever esta poesia...
A noite Que apaga o dia Cobra caro, pra quem não lhe deve nada E é lá que dormem as crianças banidas Sobre o frio da alma Cobertor de papelão Papel de parede, plástico Que forra a sua cama/chão E nas latas de leite vazias Ou entre as mãos Imploram o alimento fraco Mas, o que é forte para fome? Talvez, a ganância do homem... Talvez, a cola de sapato!
O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).
Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.
Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.
Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.
A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
Alguns textos antigos como este, escrito no inicio da década de 90, parecem não envelhecer nunca, muito menos essa necessidade incrível de amar sem hipocrisia, como um bom amor (inclusive o efêmero) para ter um gosto especial, necessita ser.
Algumas pessoas sabem passear livremente
em coração alheio, meio que sem destino, sem intenção, apenas aproveitando suavemente
o caminho; outras simplesmente passam.
No meio dessa tortuosa e
maravilhosa peregrinação, surgem seres atípicos, que intencionalmente não
plantam nada, porém consegue ornamentar a alma desejosa com uma textura leve,
perfeita, saudosa. Deixam sem querer um sentimento limpo, interessante, mas que
não é amor: É bem-estar!
No melhor momento o sorriso, descarado, estampado em tua face de menina travessa. No melhor segundo, o transe, a respiração ofegante; e eu te chamei de minha. No auge do teu descanso a minha insônia perplexa observara teu corpo branco, sadio, e teu orgulho feminil, afogando-se em meu gozo.