sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

LEMBRANÇA DE UMA NOITE MARAVILHOSAMENTE INTERESSANTE



Inerte, sob minhas sabidas pupilas
Precipitou a jóia
Uma rara ametista incandescente
Rósea, de coração intacto

Repousara diante de mim, despida
De corpo e alma doce
Em meio ao silêncio da tara
Um fino whisky, a palidez atrevida

Da Grécia antiga
Herdara os cabelos alaranjados
A ninfa pele translúcida
A oliva de um suor de sabor delicado

Ha... que loucura bendita
Poder contemplar a aurora
E esta tua sensatez
Moça linda, jovem vida 




(Jaguar Araújo, 25/09/2009)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



E as ondas vãs se alastram
Por este infinito deserto de dunas e solidão
 Solidão de ti, da tua pele clara
Da tua vanguarda engraçada
Do refinado gosto do teu corpo
Juvenil, incandescente

Neste amplo espaço vazio do meu tempo
Ainda te quero da mesma forma
Com um amor inacreditável, tímido, desaconselhável
Que não tortura e nem alegra, mas encanta
Como a deliciosa passagem do édem
Das jazidas ricas do meio das tuas pernas.

(Jaguar Araujo, Janeiro/2011)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O RETORNO DA INSPIRAÇÃO



Poderia ter sido com um lindo soneto, cheio de lirismo e de um romantismo ímpar, não faltaram possibilidades. Veio-me a lembrança mulheres belíssimas e seus gestos, fragrâncias, semblantes. Mas, não foi bem assim. O retorno deu-se ao revisitar, meio que sem querer, “Um Índio – Caetano Veloso”, em meio ao caótico trânsito de Salvador (sempre escuto música ao dirigir, é meu hobby preferido).
Que a letra é extraordinária eu já sabia, o grande lance é o contexto: 2012, ano do suposto fim dos tempos, de acordo com a profecia Maia!!!
Na letra de Caetano, que tem tudo a ver com o tema, inicialmente transcorre o messianismo indígena:
“Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante”

Além do Indianismo citado na figura de Peri, personagem que é uma espécie de herói do romance “O Guarani”, de José de Alencar, há também, nesse ser, fundamentalmente a necessidade de diversidade religiosa, indicada na musica nas figuras de Bruce Lee, simbolizando a crença oriental; Muhammad Ali, norte americano convertido ao Islã e os Filhos de Gandhi, focando a religião africana(candomblé).
“Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
 “Quanto à profecia Maia e a realidade da medição temporal dessa civilização, Orlando Casares - arqueólogo do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH), explica:
 “Um ano dos maias se dividia em duas partes: um calendário chamado ‘Haab’ que falava das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e domésticas, de 365 dias; e outro menor, o ‘Tzolkin’, de 260 dias, que regia a vida ritualística.
A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se organizassem. Dessa forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas sabia que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou seja, não podiam separar o religioso do cotidiano.
Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo era de 52 anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia. Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em várias unidades de tempo, das quais a mais importante é o “baktun” (período de 144 mil dias); na maioria das cidades 13 “baktunes” constituíam uma era e, segundo seus cálculos, em 22 de dezembro de 2012 termina a presente”.
Ou seja, terminaria a era, não o mundo em si.

Continuando com a letra de Caetano:
“Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.”
Conseqüentemente ocultamos em nosso íntimo a consciência do necessário para livrar a humanidade da autodestruição, no entanto é imperativo que um ser celestial, possuidor de uma linguagem comum a todos, e acima de quaisquer questionamento, possa então nos revelar.
Bom, o fato é que me lembrei de uma interpretação magnífica de Bethânia dessa música, lá na longínqua década de 80, e que ainda sim emociona.

E ainda bem, está no ótimo Youtube:



E quem sou eu, homem comum, o único sonhador capaz de devendar todos os segredos da vida?

(Jaguar Araújo, janeiro/2012)