Poderia ter sido com um lindo
soneto, cheio de lirismo e de um romantismo ímpar, não faltaram possibilidades.
Veio-me a lembrança mulheres belíssimas e seus gestos, fragrâncias, semblantes.
Mas, não foi bem assim. O retorno deu-se ao revisitar, meio que sem querer, “Um Índio – Caetano Veloso”, em meio ao caótico trânsito de Salvador (sempre escuto
música ao dirigir, é meu hobby preferido).
Que a letra é extraordinária
eu já sabia, o grande lance é o contexto: 2012, ano do suposto fim dos tempos,
de acordo com a profecia Maia!!!
Na letra de Caetano, que tem
tudo a ver com o tema, inicialmente transcorre o messianismo indígena:
“Um índio descerá de uma estrela
colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante”
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante”
Além do Indianismo citado na
figura de Peri, personagem que é uma espécie de herói do romance “O Guarani”, de
José de Alencar, há também, nesse ser, fundamentalmente a necessidade de diversidade
religiosa, indicada na musica nas figuras de Bruce Lee, simbolizando a crença
oriental; Muhammad Ali, norte americano
convertido ao Islã e os Filhos de Gandhi, focando a religião
africana(candomblé).
“Depois de exterminada a última
nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que
eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá”
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá”
“Quanto à profecia Maia e a realidade da
medição temporal dessa civilização, Orlando Casares - arqueólogo do Instituto
Nacional de Antropologia e História do México (INAH), explica:
“Um ano
dos maias se dividia em duas partes: um calendário chamado ‘Haab’ que falava
das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e domésticas, de
365 dias; e outro menor, o ‘Tzolkin’, de 260 dias, que regia a vida
ritualística.
A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se
organizassem. Dessa forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas sabia
que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou seja, não
podiam separar o religioso do cotidiano.
Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo
era de 52 anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia.
Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em várias
unidades de tempo, das quais a mais importante é o “baktun” (período de 144 mil
dias); na maioria das cidades 13 “baktunes” constituíam uma era e, segundo seus
cálculos, em 22 de dezembro de 2012 termina a presente”.
Ou seja, terminaria a era,
não o mundo em si.
Continuando com a
letra de Caetano:
“Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o
Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.”
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.”
Conseqüentemente ocultamos em nosso
íntimo a consciência do necessário para livrar a humanidade da autodestruição,
no entanto é imperativo que um ser celestial, possuidor de uma linguagem comum
a todos, e acima de quaisquer questionamento, possa então nos revelar.
Bom, o fato é que me lembrei
de uma interpretação magnífica de Bethânia dessa música, lá na longínqua década
de 80, e que ainda sim emociona.
E ainda bem, está no ótimo
Youtube:
E quem sou eu, homem comum,
o único sonhador capaz de devendar todos os segredos da vida?
(Jaguar Araújo, janeiro/2012)
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