POESIAS,CRÔNICAS, MÚSICAS, CONTOS, MEMÓRIAS e AFINS.
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Texto escrito no início da década
de 90, quando eu ainda fazia parte da “Cães de Guarda”, banda de Rock que infernizava
a Liberdade com seus ensaios barulhentos, regrados a muito whisky J&B e cerveja(ainda bem, nada de drogas!!!)
e era para fazer parte do repertório da mesma.
Não deu tempo, lembro que pouco
tempo depois os compromissos amorosos fizeram a banda ruir; coisas da vida...
No entanto, anos após, lembrei-me
da letra, na mesma ocasião, percebi o quanto ela era interessante, gostosa,
atual.
Essa coisa de que, em
determinados momentos de desejo, sem frieza, existem lances mais interessantes
do que se preocupar com compromissos sérios e outras situações do tipo. O bom
mesmo é aproveitar e se divertir; sendo que o prazer seja sempre recíproco.
Hoje eu vi o sol
No tobogã da tarde
Minh’alma estava tão só
Que não hesitou em te chamar
E você vinha simplesmente
Entre as nuvens da noite que estava para chegar
Logo você
Que já me acusou de tantas coisas
Mas, o que é a vida senão um poço de pecados ?
E quem mais conhece os meus desejos ?
(Jaguar Araújo)
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Farta de violência esta
era; sobre amor, quase nada. Não sei o que acontece com as pessoas, “temem provar
o néctar do sentimentalismo”.
Sempre que tive a
possibilidade amei, à minha maneira, é lógico, mas amei.
E esse sempre foi meu
ópio, ter o prazer de participar de tantas almas fantásticas, colher o fruto,
replantar, refazer...
E claro, quando sinto
saudade desses instantes, eis que surge à inspiração:
Na época, meu único filho era
Rodrigo, o gordinho Davi ainda nem sonhara em nascer. E Em uma das muitas
noitadas a fora, ocorrera comigo um acidente automobilístico. Fisicamente,
graças a Deus e Yemanja(odoiá minha mãe!) pouco sofri, porém o susto foi enorme.
Temi realmente pela minha vida,
mas, no exato momento em que despertei do espanto, a primeira pessoa que me
veio à mente foi meu filho Rodrigo. Pensei no quanto ele dependia de mim naqueles
tempos e o quanto meu amor por ele era imenso.
Lembro-me que quando cheguei à
minha antiga residência, tomei um banho, deitei ao lado dele, naquela pequenina
cama e fiquei ali, quieto, olhando
aquela criança; tão inocente e tão indefesa. Agradeci a tudo e a todos que me
deram sorte de ter saído ileso naquele instante, fechei meus olhos e a poesia
mais linda fluiu, com toda honestidade e sinceridade que um homem pode ter.
Agora que estou vivo
vivo para quem quer que eu viva
minha vida, finita, agora brilha
nas fronhas coloridas da pequena cama
no cheiro de jasmim que ele dissipa
na prece que para mim ele reclama
na paixão que em meu peito precipita.
Quando perdi a minha querida mãe,
a vida me pareceu um tanto confusa; um misto de ódio e incompreensão. Pensei em
meus irmãos, em meu filho, lembrei do meu saudoso pai e revisitei o meu próprio
tempo. Tudo parecia muito vago, desnecessário.
Hoje em dia o descontentamento
ainda permanece, porém de uma forma mais amena. No entanto eis que surge para
mim um novo filho, e, de certa forma, cada vez mais a rotatividade das espécies
parece óbvia. Porém, isso nunca ira me fazer compreender o sofrimento.
Sempre que me lembro do passado é com alegria, satisfação,
nostalgia. Tempos de uma boemia exagerada no bom sentido, noitadas loucas. Altíssimas
farras regradas sempre a belas mulheres e muita, muita bebida.
Arrependimento? Ah! Isso nunca existiu. A vida é curta e é
para ser vivida. E como já diria Claudio Baglioni em sua canção, interpretada
também tão lindamente por Renato Russo (http://www.youtube.com/watch?v=M_ZB8GoXFp8):
Lá vita è adesso! Ou seja, a vida é agora!!!
Era o velho período das descobertas, que, graças a Deus,
sempre foram do bem.
O texto abaixo remete a isso, escrito na década de 90,
vivenciava o exato momento, entre o retorno da boemia e a vida cotidiana.
Poderia ter sido com um lindo
soneto, cheio de lirismo e de um romantismo ímpar, não faltaram possibilidades.
Veio-me a lembrança mulheres belíssimas e seus gestos, fragrâncias, semblantes.
Mas, não foi bem assim. O retorno deu-se ao revisitar, meio que sem querer, “Um Índio – Caetano Veloso”, em meio ao caótico trânsito de Salvador (sempre escuto
música ao dirigir, é meu hobby preferido).
Que a letra é extraordinária
eu já sabia, o grande lance é o contexto: 2012, ano do suposto fim dos tempos,
de acordo com a profecia Maia!!!
Na letra de Caetano, que tem
tudo a ver com o tema, inicialmente transcorre o messianismo indígena:
“Um índio descerá de uma estrela
colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante”
Além do Indianismo citado na
figura de Peri, personagem que é uma espécie de herói do romance “O Guarani”, de
José de Alencar, há também, nesse ser, fundamentalmente a necessidade de diversidade
religiosa, indicada na musica nas figuras de Bruce Lee, simbolizando a crença
oriental; Muhammad Ali, norte americano
convertido ao Islã e os Filhos de Gandhi, focando a religião
africana(candomblé).
“Depois de exterminada a última
nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que
eu vi Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu
vi O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá”
“Quanto à profecia Maia e a realidade da
medição temporal dessa civilização, Orlando Casares - arqueólogo do Instituto
Nacional de Antropologia e História do México (INAH), explica:
“Um ano
dos maias se dividia em duas partes: um calendário chamado ‘Haab’ que falava
das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e domésticas, de
365 dias; e outro menor, o ‘Tzolkin’, de 260 dias, que regia a vida
ritualística.
A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se
organizassem. Dessa forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas sabia
que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou seja, não
podiam separar o religioso do cotidiano.
Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo
era de 52 anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia.
Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em várias
unidades de tempo, das quais a mais importante é o “baktun” (período de 144 mil
dias); na maioria das cidades 13 “baktunes” constituíam uma era e, segundo seus
cálculos, em 22 de dezembro de 2012 termina a presente”.
Ou seja, terminaria a era,
não o mundo em si.
Continuando com a
letra de Caetano:
“Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o
Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.”
Conseqüentemente ocultamos em nosso
íntimo a consciência do necessário para livrar a humanidade da autodestruição,
no entanto é imperativo que um ser celestial, possuidor de uma linguagem comum
a todos, e acima de quaisquer questionamento, possa então nos revelar.
Bom, o fato é que me lembrei
de uma interpretação magnífica de Bethânia dessa música, lá na longínqua década
de 80, e que ainda sim emociona.
E ainda bem, está no ótimo
Youtube:
E quem sou eu, homem comum,
o único sonhador capaz de devendar todos os segredos da vida?