quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O AMOR E O JAZZ...

Que bom ouvir Coltrane assim, no mesmo instante em que relembro um texto ornamentado por paixão, tristeza e renúncia. E a alegria de ter tido o imenso prazer em participar de tais momentos, cheios de realismo e delicadeza.

Desta forma o bom amor e o jazz se confundem, ambos abarrotados de improvisos, livres, com um encanto extraordinário, muitas vezes sem começo, sem meio, sem fim.




À MUSA DE TODOS OS TEMPOS IV


Das gotas de orvalho
De cada manhazinha, de cada madrugada perdida
Surgem minhas lágrimas
Da alegre tristeza de tua partida
Pois nunca foste minha
Sequer aliança de ouro
Ou anel de esmeraldas

Do fundo da alma
Enriquecida de puberdade
Vieste aos meus olhos
Não como pingente, mas colírio
Para as margens longas do meu mundo
Destrocando-o, com tua milimétrica beleza
Sob ondas diárias, cristalinas

Fugiste breve
Tarde foi meu alvorecer
E esta minha empáfia absurda 
De não me querer ver vencido
Por tua magnífica perfeição
Que ainda fascina
Tantos anos após me envolver


(Jaguar Araujo, outubro/2011)

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